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Além da fábrica de R$ 28 bi, Arauco fará ferrovia de R$ 800 milhões

Terraplanagem da fábrica deve começar em julho, mas atualmente a empresa chilena já emprega em torno de mil pessoas na região de Inocência, principalmente com o plantio e manutenção de 85 mil hectares de eucaliptos

por Nathally Martins da Silva Bulhões
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NERI KASPARY

Em um dia considerado histórico tanto pelo governo estadual quanto pelos executivos da Arauco, a administração estadual entregou nesta sexta-feira (10) a Licença de Instalação da fábrica de celulose que demandará investimentos de R$ 28 bilhões e ao final do projeto terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de celulose por ano em Inocência.

E para escoar toda esta produção da quinta fábrica do setor no Estado, a multinacional vai investir em torno de R$ 800 milhões extras para construção de uma ferrovia de 47 quilômetros ligando a fábrica à Ferronorte, que corta o município mais ao norte. No local já haverá um terminal de embarque porque a Suzano de Ribas do Rio Pardo fará os embarques de sua produção no mesmo terminal.

A estimativa sobre o valor de investimento na ferrovia é do secretário de Meio Ambiente, Jaime Verruck, ao esclarecer que a licença para esta obra não faz parte das licenças concedidas até agora, mas a autorização para a construção da ferrovia está prestes a sair.

Conforme o secretário, esta ferrovia será de uso exclusivo da Arauco e até vagões e locomotivas serão da empresa. Assim que a primeira fase da fábrica entrar em operação, com 2,5 milhões de toneladas por ano, vai escoar o equivalente a 50 mil toneladas por semana.

Depois de percorrer os 47 km pela nova ferrovia, a celulose será levada pela Ferronorte até o porto de Santos, onde a Arauco promete construir um terminal de embarque próprio para escoar um navio por semana, segundo o governador Eduardo Riedel, que assinou a Licença de Instalação  ao lado dos executivos da empresa chilena e de toda a cúpula administrativa e política de Inocência nesta sexta-feira.

Com a licença concedida agora, os chilenos prometem iniciar em julho deste ano as obras de terraplanagem e em janeiro já terão início os trabalhos de instalação da fábrica propriamente dita. A previsão é de que ela entre em operação no começo de 2028.

Segundo  Calos Altimiris, CEO da Arauco no Brasil, obra deve gerar 12 mil empregos no pico da instalação

Mas, antes mesmo do início dos trabalhos no canteiro de obras, a empresa já está gerando em torno de mil empregos em Inocência e municípios da região nas atividades de plantio de eucaliptos, segundo o diretor nacional da Arauco, Carlos Altimiras.

Ainda de acordo como e executivo, atualmente a empresa já está com cerca de 210 mil hectares já contratados e em 85 mil estão ocupados com eucaliptos. Ao longo de 2024 devem ser mais 65 mil hectares. Para garantir produção para esta primeira fase, de acordo dom Altimiras, serão necessários em torno de 300 mil hectares. Na segunda  fase, os chilenos terão de dobrar o volume de florestas.

Em média, o ciclo de crescimento  até o corte dos eucaliptos se estende ao longo de sete anos e justamente por isso os plantios começaram ainda em 2021, bem antes da concessão de qualquer licença ambiental. Porém, as negociações e estudos para chegar a esta concessão de Licença da Instalação exitem há cerca de uma década, de acordo com o governador Eduardo Riedel.

USUFRUTO

Por ser uma empresa estrangeira, a Arauco tem restrições legais para comprar e arrendar terras no Brasil. Por isso, eles usam o termo de usufruto da terra, que é uma forma legal de arrendamento  e assim conseguem driblar a legislação brasileira a fim de permitir investimentos estrangeiros no setor da celulose.

Os asiáticos da  Paper Excellence, por exemplo, compraram 13 mil hectares na região de Três Lagoas  na década passada e por conta disso, segundo Jaime Verruck, agora estão perdendo a disputa pelo controle da Eldorado, fábrica que voltou ao domínio dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F.

Estes contratos de usufruto, segundo Theófilo Militão, gerente Executivo de ESG & Relações Institucionais da Arauco, variam de um proprietário para outro, mas são de pelo menos sete anos e alguns casos ultrapassam os 30 anos.

Embora não queira citar valores pagos aos proprietários por esse usufruto, ele garante que a empresa não está tendo dificuldades para conseguir terras na região e que o “arrendamento” está sendo um bom negócio para os proprietários, já que muitas fazendas da região estavam praticamente improdutivas.

NO MEIO DO NADA

A fábrica será instalada a cerca de 50 quilômetros da área urbana de Inocência, às margens do Rio Sucuriú e da MS-377. Conforme o prefeito, Antônio Ângelo Garcia dos Santos, mais conhecido como “Toninho da Cofap”, praticamente todo os operários que vão trabalhar na construção ficarão alojados próximo ao canteiro de obras.

Toninho da Cofap, prefeito de Incência, diz que todos os abrigos dos operários ficarão longe da cidade, no canteiro de obras

No pico dos trabalhos serão 12 mil operários, o que significa 150% a mais que os 8,4 mil habitantes do município. E, de acordo com o prefeito, isso tende a reduzir os alguns dos problemas sociais, de saúde e de segurança pública enfrentados ao longo dos últimos anos em Ribas do Rio Pardo, onde a Suzano está concluído a construção de um empreendimento do mesmo porte ao da Arauco.

fotos: Marcelo Victor

correiodoestado.com.br

 

 

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