O projeto de atletismo surgiu com o propósito de treinar crianças e adolescentes, com e sem deficiência, de toda região sul de Campo Grande, na escola estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, no bairro Jardim Tarumã, em 2005. Na época, recebeu o primeiro nome “Seninha Atletismo”, por causa do fundador, Daniel Sena, professor de educação física há dezoito anos. Dez anos depois, com o bom rendimento dos alunos, o professor sentiu a necessidade de dar mais um passo nessa iniciativa.
“Depois do trabalho de iniciação ao atletismo, conforme as crianças se destacavam, a gente pensou em levá-las para disputar campeonatos nacionais. Mas pelas regras da Confederação Brasileira de Atletismo e do Comitê Paralímpico Brasileiro, o atleta precisa ser filiado a um clube. Criamos, então, o “Sprint Social”. Hoje, temos mais de 140 jovens cadastrados”, detalhou Sena.
Todos os anos, eles rodam o Brasil e participam de etapas paralímpicas nas categorias escolar e adulta, e já fizeram campeões em todas elas. Na modalidade convencional, tem menos competição, mas também marcam presença. O próximo desafio será na Corrida do Pantanal, que tem uma categoria voltada para pessoas com deficiência; cadeirante e deficiente visual. Para o professor, é um evento muito importante no processo de formação dos atletas.
“É a única corrida que tem essa possibilidade de incluir pessoas com deficiência. Nós nunca havíamos participado de uma corrida, que não fosse oferecida pelo Comitê Paralímpico, só a do Pantanal nos deu essa base para participar. No ano passado, quando eu soube que seria assim, inscrevi em massa a nossa equipe, eles queriam participar dentro das condições deles, trotaram um pouquinho, caminharam. A alegria foi tão grande, ganharam medalha, fizeram amizades, foi uma festa grandiosa. Neste ano, vamos com a mesma empolgação”, confessou professor Sena.
Atualmente, o projeto Movimento Paralímpico oferece treinos de segunda à sexta-feira, no período da tarde, e continua na mesma escola estadual, atendendo toda a comunidade. O Aldrey Gonzaga Mareco, de 19 anos, é deficiente físico e começou no projeto no ano passado, através de um amigo. Ele lembra com emoção da Corrida do Pantanal do ano passado, quando competiu com uma tricicleta. Dessa vez, a ansiedade é maior, porque vai com a cadeira.
“Todo mundo que passava por mim gritava e me incentivava, isso me abraçou de tal forma e eu fiquei muito feliz. É uma vitória espiritual, pra mim mesmo, mostrar que independente de qualquer obstáculo, eu posso vencer todos eles. Estar na Corrida do Pantanal representa alegria, força de vontade, espírito de equipe, de querer estar lá no meio e sentir aquela energia e vibração, são laços que unem todos”, disse.
Já o Vinícius de Sousa Oliveira, de 17 anos, treina há mais tempo, já são 7 anos no projeto de atletismo. As provas que ele costuma competir são 400 e 200 metros. Mesmo sendo percursos de velocidade, ele explica que precisa fazer corridas longas, como a do Pantanal, para ajudar a treinar melhor e ganhar mais resistência. Além disso, o evento proporciona um momento único para ele e os amigos.
“No meu caso, eu entrei para o atletismo e eu fiz os meus amigos aqui. Só que, nas competições, é cada um na sua prova, eu sou velocista, meu amigo vai na prova de fundo, o outro na de meio fundo. Tem ainda as categorias por idade, as meninas também correm separado, enfim. Agora, na Corrida do Pantanal, não. Corre todo mundo junto, a largada é lado a lado, é muito bom, a gente faz a nossa festa”, finalizou.
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