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Após 27 anos, MS volta a ter obra para nova ferrovia

O custo do trecho será de R$ 1 bilhão e as obras devem começar em setembro

por Nathally Martins da Silva Bulhões
Camara Taboado

SÚZAN BENITES

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou a proposta da Arauco Celulose para a construção e a exploração de ramal ferroviário em Inocência pelo prazo de 99 anos. O trecho que começará a ser construído em setembro será a primeira obra desse modal a ser implantada em Mato Grosso do Sul em mais de 27 anos. No Estado, o último ramal foi inaugurado em 1999.

O grupo chileno entrou há um ano com o pedido para a construção dos 47 km ligando sua fábrica em Inocência à Malha Norte, com o objetivo de escoar uma produção estimada de 3,5 milhões de toneladas de celulose.

“Esse é o primeiro processo que, na verdade, foi autorizado no novo regime de autorização – vamos chamar assim – da nova regulamentação.

A ANTT já autorizou a construção e a Rumo também autorizou a conexão”, explicou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, ao Correio do Estado.

A Malha Norte é uma ferrovia brasileira que se estende por aproximadamente 755 km, conectando Santa Fé do Sul (SP) a Rondonópolis (MT). Atualmente, essa via é operada pela Rumo Logística, assim como a Malha Oeste em Mato Grosso do Sul.

“O ramal sai de dentro da fábrica [com o trem já] carregado e vai direto para o Porto de Santos, onde haverá a exportação lá em terminal próprio. A Arauco vai ser a primeira empresa de celulose de MS que vai ter uma logística de exportação estritamente ferroviária. Todas as outras usam uma perna rodoviária e outra ferroviária. Essa será a primeira a ter toda a exportação em cima da ferrovia, que consideramos isso excepcional em termos de logística”, disse o Verruck.

Ainda de acordo com o titular da Semadesc, em termos de documentação, o que falta atualmente é a declaração de utilidade pública (DUP) – após ela, é feita a desapropriação das áreas onde a ferrovia vai passar.

“A parte processual está toda resolvida. Em setembro, vamos fazer o lançamento dessa ferrovia. A ideia é de que em setembro a gente tenha tudo isso resolvido, de tal forma que eles possam, a partir de então, já iniciar as obras. Uma ferrovia dessa vai custar R$ 1 bilhão, pois hoje 1 km de ferrovia custa R$ 22 milhões”, reiterou.

A empresa está construindo no município uma fábrica de celulose com investimentos de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões). O lançamento da pedra fundamental foi realizado ontem, em Inocência, com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

OUTRAS INDÚSTRIAS
Além da Arauco, houve também outras indústrias do setor de celulose que pediram autorização para construir trechos de ferrovias em Mato Grosso do Sul.

A Suzano Celose solicitou uma autorização para construir 231 km de ferrovia ligando Ribas do Rio Pardo à Inocência. Com investimentos de R$ 1,770 bilhão, a empresa de celulose  ficaria com o direito de explorar o serviço por 99 anos.

Ainda, também pediu 24,7 km entre as unidades da Suzano em Três Lagoas até a ferrovia da Rumo, com investimentos de R$ 170 milhões, além de um ramal de Três Lagoas a Aparecida do Taboado,
orçado em R$ 1,1 bilhão.

Já a Eldorado Celulose recebeu o aval para a construção de um ramal ferroviário entre a fábrica de celulose, em Três Lagoas, e a Ferronorte, em Aparecida do Taboado. A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado e cedeu à Eldorado a licença prévia para a instalação do ramal ferroviário, que teria 89 km e investimentos de R$ 890 milhões.

“Tanto a Suzano quanto a Eldorado, elas solicitaram, mas isso está em stand-by. A Eldorado já teve licenciamento ambiental autorizado, mas nesse momento eles não conseguem tocar o projeto, porque estão aguardando como vai ser a recomposição total da Malha Oeste. Hoje, a proposta é ligar Campo Grande a Ribas do Rio Pardo e subir para Aparecida do Taboado. Então, antes dessa linha da Suzano e da Eldorado, a gente aguarda a decisão do TCU [Tribunal de Contas da União], em função da repactuação da Malha Oeste”, considerou Verruck.

MALHA OESTE
Conforme o secretário, a logística da celulose está pautada exatamente na Malha Oeste.

“Por isso, para o governo do Estado, é importante que ela mantenha essa atividade e que efetivamente conecte toda a produção de celulose na nossa Malha Norte”, reiterou.

Ainda de acordo com o secretário titular da Semadesc, o governo de MS entende que as ferrovias são fundamentais na logística do escoamento da produção.

“Entendemos que a ferrovia é operacional e altamente competitiva. Por isso, apostamos também no desenvolvimento da Malha Oeste conectando com a Malha Norte”, frisou.

Conforme já noticiou o Correio do Estado, o Ministério dos Transportes tem se movimentado para viabilizar a renovação da concessão da ferrovia que liga Mato Grosso do Sul a São Paulo, buscando acelerar o processo com a proposta de um novo contrato de 30 anos.

A negociação em curso inclui a devolução de 650 km do trecho paulista, que futuramente poderá ser adaptado para o transporte de passageiros.

Em contrapartida, a concessionária Rumo Logística manteria a exclusividade sobre a Malha Oeste em MS, investindo na ampliação de 137 km adicionais.

O projeto, estimado em R$ 2,7 bilhões, visa integrar esse traçado à Malha Paulista, fortalecendo a infraestrutura logística da região. Com cerca de 800 km de ferrovia entre Corumbá e Três Lagoas e um trecho adicional de 355 km entre Campo Grande e Ponta Porã, a maior parte da malha ferroviária está localizada em Mato Grosso do Sul.

Foto: Mairinco de Paula/GovernoMS

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