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BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, mira Rota da Celulose de MS

Fundo norte-americano, que administra ativos mais de quatro vezes maiores que o PIB brasileiro, pode investir nas rodovias

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Por Eduardo Miranda

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, é uma das interessadas em investir na Rota da Celulose, um conjunto de rodovias que liga as regiões central e leste de Mato Grosso do Sul ao estado de São Paulo e cujo leilão deve ocorrer ainda este ano na B3, a Bolsa de Valores do Brasil.

O fundo, que administra mais de US$ 10,5 trilhões em ativos – valor superior a quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de US$ 2,3 trilhões –, já foi sondado por empresas operadoras de rodovias do Brasil e de outros países.

Representantes da BlackRock, apurou o Correio do Estado, se reuniram com o governador Eduardo Riedel (PSDB) no início deste mês, em São Paulo (SP), durante a apresentação da Rota da Celulose a investidores e possíveis players interessados na concessão.

O despacho que faltava para a concessão, que prevê aproximadamente R$ 8,8 bilhões em investimentos nas rodovias BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395, foi emitido ontem.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, delegou para a Agência Estadual de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) a administração da BR-262 entre Campo Grande e a divisa com o estado de São Paulo, em Três Lagoas, e da BR-267 entre Nova Alvorada do Sul e a divisa com São Paulo, em Bataguassu.

Com a delegação, o trecho de 870 quilômetros poderá ser licitado em um único bloco, o que proporcionará melhorias como a duplicação de alguns trechos e a ampliação da pista com terceira faixa em outros.

“Recebemos hoje [quinta-feira] a publicação, falei às 7h com o ministro Renan, com o ministro Rui Costa, agradecemos a compreensão do governo federal. A ministra Simone nos ajudou muito para que pudéssemos agora ter a legalidade para levar a leilão esse projeto”, afirmou o governador.

PLAYERS DO MERCADO

Grandes players do mercado, como a CCR, que em Mato Grosso do Sul já administra a BR-163 (em processo de repactuação contratual), a espanhola Arteris (concessionária de rodovias como Fernão Dias, Régis Bittencourt e Curitiba-Florianópolis) e a Ecorodovias (concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes) estão entre as interessadas.

O fundo BlackRock, que no Brasil já é acionista de empresas como Cyrela, Usiminas, Cogna (Anhanguera Educacional), Eletrobras, Arezzo, Embraer, entre outras, entraria como parceiro de um investidor local com interesse na rodovia.

“Existem várias empresas fazendo consultas, todas as grandes do setor, do mercado financeiro, aquelas que contactamos em Nova Iorque há uns três meses, as que fomos em São Paulo na semana passada. O mercado está olhando para esse projeto. E leilão é leilão. Aí é tirar dúvidas e criar competitividade para que tenha o máximo de interessados possíveis, para que tenha um bom resultado”, declarou Riedel.

Conforme apurado pelo Correio do Estado, o interesse de um fundo da magnitude da BlackRock em um negócio como esse é justamente viabilizar rapidamente as obras de infraestrutura previstas no edital da concessão, reduzindo a dependência do investidor de crédito público ou privado até que o investimento ofereça o retorno esperado.

ESTUDO

A concessão das rodovias é um projeto que tem sido discutido desde o ano passado pelo governo do Estado. O primeiro passo foi fazer um estudo de viabilidade técnica para o trecho.

O estudo, concluído no mês passado, apontou que o pedágio nos 870,4 quilômetros a serem leiloados deve variar de R$ 4,70 a R$ 15,20, podendo ficar até 20% mais barato.

Conforme matéria do Correio do Estado, dos quase 900 km de rodovias a serem concedidas nesse pacotão, apenas 116 km serão duplicados. Além disso, 457 km terão acostamento, 251 km serão de terceiras faixas, 12 km de vias marginais e 82 de dispositivos em nível.

A duplicação está quase totalmente entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, já que a distância entre os municípios é de 97 km e, segundo o estudo, todo esse trecho deverá ter pista dupla.

O outro trecho a ter duplicação está na BR-267, mais especificamente na divisa entre Bataguassu e São Paulo. A praça que deve ter o valor mais alto de pedágio, segundo o documento, fica na BR-262. Em Ribas do Rio Pardo, onde a duplicação termina exatamente na fábrica da multinacional Suzano, o valor deve ser de R$ 15,20.

O segundo maior valor está em Nova Alvorada do Sul, onde a tarifa pode ser de R$ 15,10. A praça de pedágio mais barata da concessão será a de Bataguassu, na BR-267, que custará R$ 4,70.

R$ 53 custo total para andar pela br-262

Após concedida, se o motorista percorrer todo o caminho privatizado da BR-262, ele pagará R$ 53 em pedágio, passando pelas quatro praças.

Trecho da BR-262, entre Campo Grande e Ribas, será concedido – Foto: Gerson Oliveira

 Correio do Estado

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