Com compromisso de conservar um hectare de floresta nativa a cada um hectare de eucalipto plantado, a Bracell, empresa do grupo RGE, promete conservar 35 mil hectares em Mato Grosso do Sul até 2025. A empresa, que começou a atuar no Estado em 2021, firmou formalmente o compromisso com o governo estadual em agosto deste ano.
Durante o seminário “Bracell 2030: construção de um legado para um futuro sustentável”, realizado em São Paulo na terça-feira (31), o vice-presidente de Sustentabilidade e Comunicação da Bracell, Márcio Nappo, afirmou ao Correio do Estado a intenção de chegar à meta até 2025.
“A gente já vem conversando com o governo do Estado, fazendo alguns ajustes. Fechamos um acordo de 35 mil hectares [conservados] em Mato Grosso do Sul”, disse.
Nappo ainda explica que, como toda a operação da Bracell no Estado é recente, não dá para afirmar que serão apenas essas áreas conservadas. “Essas metas, em termos de áreas, vão aumentar muito mais, principalmente em Mato Grosso do Sul, onde a gente está começando a operar agora. É até difícil prever onde a gente vai chegar em 2030”.
Em 2021, a companhia expandiu suas operações florestais para o Estado, o que marcou o início das atividades de plantio, operação de colheita e transporte de madeira. Uma sede administrativa está sendo instalada em Campo Grande e, no município de Água Clara, a Bracell implantou uma unidade operacional para dar todo o suporte às equipes em campo.
Entre as áreas já determinadas para a preservação e/ou conservação estão: o Parque Estadual do Prosa e o Parque Estadual Matas do Segredo, ambos localizados dentro do perímetro urbano de Campo Grande; o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, em que serão fornecidos serviços e equipamentos que ajudarão na proteção da vegetação e da restauração direta em uma área de 1.300 hectares; com mais de 8 mil hectares, o Parque Natural Municipal do Pombo, que compreende a divisa dos municípios de Três Lagoas e Água Clara, também receberá recursos; e o Parque Natural Municipal das Capivaras, que também está mapeado no plano de incentivo para preservação da biodiversidade da Bracell.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou durante a assinatura do compromisso que a meta da companhia está alinhada com as metas do Executivo estadual.
“Eles pretendem fazer isso por meio de parcerias com diversas instituições, para manutenção e preservação de parques e unidades de conservação. Então, imagina o seguinte, eles vão fazer os 20% de APP [Área de Preservação Permanente] e Reserva Legal. Eles já têm uma meta de preservar 30% dentro das propriedades arrendadas e agora vão buscar esses 70% dentro dos biomas”, explicou.
EXPANSÃO
Sobre a área plantada e a expansão, o representante do grupo RGE não quis comentar. “A gente geralmente não costuma comentar, isso é considerado uma espécie de informação estratégica dentro do setor”, disse Nappo.
No entanto, conforme afirmou em outra ocasião o secretário Jaime Verruck, na região de Água Clara, o grupo terá cerca de 50 mil hectares de florestas de eucalipto nos próximos anos.
O vice-presidente de Assuntos Corporativos da Bracell, Luiz Dutra, também foi questionado sobre planos de expansão em Mato Grosso do Sul e a possibilidade de se construir uma fábrica de celulose.
“Não, nosso foco realmente neste momento é na parte florestal, com o MS Florestal começando a ter uma operação relevante. E nosso foco não é só esse, é realmente ampliar nossos projetos sociais, como já fizemos em São Paulo e na Bahia, com os projetos sociais que mostram nosso compromisso local”, destacou.
Segundo relatório anual da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), MS saltou de uma área plantada de floresta para uso industrial de 597,135 mil hectares, em 2012, para 1,073 milhão de hectares, em 2021. A alta é de 79,77% no período.
As principais cidades produtoras de Mato Grosso do Sul estão na região leste, que atualmente ganhou a alcunha de “vale da celulose”, e são: Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Água Clara e Brasilândia.
Em 2022, o “Um Para Um” iniciou as ações em todos os estados de atuação da Bracell no Brasil, sendo estes São Paulo, Bahia e, agora, Mato Grosso do Sul.
EVENTO
O seminário realizado em São Paulo na terça-feira tinha por objetivo ampliar os debates acerca da sustentabilidade e reuniu autoridades e especialistas para discutir as ações necessárias para construção de um futuro mais inclusivo e sustentável. Na ocasião, a companhia lançou sua agenda estratégica de sustentabilidade para 2030.
O presidente da Bracell, Praveen Singhavi, destacou que os negócios e a sustentabilidade são duas faces da mesma moeda. E que investe continuamente em tecnologias de ponta para promover melhor eficiência operacional no uso dos recursos naturais e redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) em suas operações industriais e florestais.
“Florestas, água, solo e clima estão intrinsecamente ligados ao nosso negócio. Ao considerar isso e colocar as pessoas e as comunidades no centro de tudo o que fazemos, podemos desempenhar o nosso papel na transição para um mundo mais inclusivo e sustentável”.
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