Depois de uma série de flagrantes de pesca predatória no pé da hidrelétrica de Jupiá, em Três Lagoas, fiscais do Ibama e agentes da Polícia Federal fizeram operações durante a última semana para coibir os crimes ambientais em período de piracema e tentar capturar os pescadores que aproveitam a aglomeração de cardumes próximo à barragem para faturamento extra.
Porém, conforme a superintendente estadual do Ibama, Joanice Lube Battilani, como os pescadores utilizam barcos de alta potência, geralmente conseguem escapar da fiscalização. Nas operações da última semana, o máximo que os policiais e os fiscais conseguiram foi apreender um motor de popa de 50 HP e um carro que foram abandonados na margem do rio.
O proprietário abandonou o material para escapar da prisão. Deixou para trás também 13 quilos de pescado que havia capturado com uso de arpão, que é de uso proibido. Ele acabou sendo identificado e levou multa de R$ 28 mil por realizar pesca em local proibido com agravante de ser em período de piracema.
A pesca a uma distância de mil metros acima ou abaixo de barragens de reservatórios de hidrelétricas é restringida pela Instrução Normativa IBAMA n. 26/2009, que também prevê proibição de pesca subaquática e a utilização de arpão ou arbalete.
Porém, desde o começo de novembro, as câmeras de monitoramento da concessionária de energia CTG (China Three Gorges) flagrou em 18 datas pescadores capturando peixes com petrechos e em local proibido. Todos os flagrantes foram enviados à Polícia Militar Ambiental e ao Ibama. E, apesar das tentativas de prisão, até agora ninguém foi preso.
A superintendente do Ibama acredita que o aumento da atividade ilegal nesta época de reprodução está ocorrendo porque cardumes de diferentes espécies estão subindo o Rio Paraná e ficam estacionados ao chegarem próximo da represa de Jupiá, onde não existe canal para que possam continuar a migração.
Além de arpões, Joanice diz que a pesca com redes em período noturno também tem sido algo comum. “E o pior é que estes pescadores estão recebendo seguro defeso nesta época do ano e mesmo assim continuam pescando em local e período proibidos”.
Para piorar, lembra Joanice, comerciantes tando do lado de Mato Grosso do Sul quanto do lado paulista compram e comercializam este pescado ilegal, seja para venda in natura ou em restaurantes.
“Quem pratica pesca com arpão não é qualquer um, tem custo alto. Os motores que eles usam são potentes, para fugir da fiscalização”, explica a chefe do Ibama.
A suspeita da Polícia Militar Ambiental é de que parte dos flagrantes feitos pelas câmeras da usina sejam de turistas que vão à região somente para mergulhar e capturar os peixes que estão represados no local.
Correiodoestado