Com a instalação da fábrica de celulose da Arauco em Inocência, no interior de Mato Grosso do Sul, o município vive um momento de transformação. A gigante de celulose é vista pela Prefeitura como um motor de desenvolvimento, incentivando a capacitação profissional da população e atraindo novos empreendimentos e serviços para a cidade.
A expectativa é de que, em um período de seis anos, Inocência alcance um novo padrão de vida, impulsionado pela geração de novos empregos ofertados pela indústria, além de oportunidades que devem chegar acompanhadas de novos setores.
Inocência sente as ‘dores’ do crescimento
O município de Inocência vive um momento de expansão acelerada, cujos passos são dados ‘maiores que as pernas’. Com a chegada da fábrica, a oferta e demanda da cidade aqueceu o setor imobiliário e o comércio, e a população já começou a sentir os efeitos do desenvolvimento.
Enquanto os moradores lidam com as mudanças culturais e com a cidade perdendo a essência pacata, a prefeitura trabalha para que o pequeno município, de 8,4 mil habitantes, dê conta de acompanhar o progresso.
“A chegada da fábrica está transformando Inocência em um polo industrial, gerando mais emprego, mais renda e fortalecendo a economia local. Isso traz muitos benefícios, mas também muitos transtornos e dificuldades”, pondera o vice-prefeito da cidade, Henrique Alves.
Moradia é desafio do avanço da celulose
A chegada da fábrica de celulose, embora favoreça o desenvolvimento econômico, exige um olhar estratégico do município para o crescimento populacional. De acordo com o vice-prefeito, Henrique Alves, Inocência enfrenta uma demanda habitacional alta por conta do mercado imobiliário aquecido.
Uma das principais preocupações da gestão é encontrar formas de absorver e acomodar aqueles que optarem por ficar na cidade após o término das obras. “O nosso maior déficit hoje é na habitação, então estamos trabalhando com muita cautela, mas a infraestrutura já vem sendo pensada. Estamos nos adequando em relação à moradia, ao hospital, à segurança pública e à educação”.
Segundo Henrique, a prefeitura deve ampliar programas de habitação popular, investir em novos loteamentos e buscar parcerias com os governos estadual e federal para viabilizar projetos.
Além disso, uma parceria do município com o Governo do Estado irá garantir uma área de 25 hectares, destinados à construção de futuras habitações populares. Não foi passado à reportagem informações sobre quando seriam iniciadas as obras, nem qual região da cidade receberá as moradias.
Já para os trabalhadores da fábrica, serão construídas 620 casas, previstas no PES (Plano Estratégico Socioambiental), elaborado pela Arauco.

PES prevê construção de escolas, creches e hospital municipal
De acordo com o vice-prefeito, Inocência será beneficiada com investimento de R$ 65 milhões em segurança pública, assistência social, educação e saúde, previstos no PES (Plano Estratégico Socioambiental), elaborado pela Arauco.
Nas ações contempladas pelo PES, ficou determinada a construção de um batalhão da Polícia Militar, um batalhão do Corpo de Bombeiros, ampliação e reforma de escolas municipais, construção de uma creche e capacitação de profissionais do setor.
Na parte de saúde, serão construídos um hospital municipal, unidades básicas de saúde, um centro de atenção psicossocial, uma unidade especializada em odontologia e aquisição de ambulâncias.
Além disso, Henrique destaca que o município firmou uma parceria com o Governo do Estado, onde será construída uma nova escola estadual, em um terreno cedido pela prefeitura de Inocência. A construção da creche, bem como as obras de pavimentação, já estão em processo de licitação.
Município visa qualificar jovens para o futuro
A chegada da fábrica e a promessa de geração de empregos traz esperança, mas também impõe desafios. Principalmente em relação à qualificação da mão de obra local e ao futuro dos jovens no mercado de trabalho.
Segundo o vice-prefeito, Henrique Alves, o objetivo é garantir que os trabalhadores locais tenham oportunidade de competir pelas vagas à altura dos profissionais que vierem de fora. Para isso, o município instituiu parcerias com o Sistema S, que já está oferecendo cursos e treinamentos no município.
Para os jovens, o fortalecimento do mercado de trabalho representa a possibilidade de permanecer na cidade e construir uma carreira profissional sem precisar buscar oportunidades em outros centros urbanos. No entanto, Henrique destaca que é preciso repensar os caminhos tradicionais.
“Antigamente nossos jovens pensavam em medicina, direito, veterinária, direito. Hoje, com a indústria da celulose, surgem novas oportunidades. É necessário um trabalho de orientação dentro das escolas para que eles comecem a enxergar essas possibilidades”, explica.
Do ponto de vista do desenvolvimento econômico, o secretário municipal de Indústria e Comércio, Ademilson Junqueira de Paula, destaca que a profissionalização da mão de obra também vai beneficiar trabalhadores que optem por buscar o município para se qualificarem.
No dia 9 de abril, Inocência inaugurou sua primeira unidade da Casa do Trabalhador para atender à demanda por mão de obra no município. A Casa do Trabalhador oferecerá serviços de intermediação de mão de obra, emissão de carteira de trabalho digital, acesso ao seguro-desemprego e orientações para qualificação profissional.

midiamax