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CGU conclui que certificado de vacinação de Bolsonaro é falso

O órgão, porém, não soube detalhar quem teria inserido o registro falso no sistema, mas atesta que a fraude ocorreu no âmbito estadual

por Nathally Martins da Silva Bulhões

A CGU (Controladoria-Geral da União) concluiu que é falso o registro de imunização contra o coronavírus que consta atualmente no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O resultado da apuração foi compartilhado na quinta-feira, 18.

A CGU disse ter verificado inconsistências no registro de que Bolsonaro teria sido imunizado em julho de 2021, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Parque Peruche, em São Paulo.

O órgão também afirma que foi atestada a confiabilidade do sistema mantido pelo Ministério da Saúde para recebimento das informações enviadas pelos Estados e municípios sobre vacinações. Por isso, a CGU atesta que o registro falso não foi feito pelo sistema mantido pela pasta federal.

A CGU também informa que não foi localizada nenhuma eventual participação de servidor público federal nos fatos. O que leva a investigação a crer que se trata de fraude ao sistema estadual de registro de vacinação contra a covid-19.

Agora, os resultados das investigações serão encaminhados às autoridades do Estado e do município de São Paulo para conhecimento e adoção das providências cabíveis.

Investigações

De acordo com os dados constantes do sistema do Ministério da Saúde, no Cartão Nacional de Vacinação do ex-presidente, há um registro contra a covid-19 que teria ocorrido em 19 de julho de 2021.

No entanto, outros dois registros de imunização, que teriam se dado em Duque de Caxias (RJ), tinham sido efetuados por agentes municipais, mas cancelados antes mesmo do início das investigações pela CGU. Ocorre que, em relação a esses últimos no Rio de Janeiro, logo em diligências iniciais, os auditores verificaram a existência de um possível esquema de fraude a cartões de vacinação, envolvendo o Secretário Municipal de governo do local.

Essas descobertas da CGU na cidade carioca culminaram na deflagração da Operação Venire pela Polícia Federal, que revelou também a ligação de agentes públicos federais e municipais com o esquema e, ainda, do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, que foi preso preventivamente, em maio de 2023, em razão da falsificação do CNVC de Bolsonaro.

Durante as investigações se verificou, por meio de informações fornecidas pela FAB (Força Aérea Brasileira), que o ex-presidente sequer estava em São Paulo no dia da suposta vacinação. Ele teria voado de São Paulo para Brasília um dia antes e não teria feito nenhum outro voo até pelo menos dia 22 de julho de 2021.

Além disso, foram levantadas informações sobre o lote da vacina contra a covid-19 que teria sido aplicada no ex-presidente. Os dados deram conta de que tal lote não estava disponível, naquela data, na UBS paulista em que teria ocorrido a imunização.

Depoimentos 

Durante os meses seguintes, na investigação conduzida pela CGU, foram ouvidas diversas pessoas que trabalhavam na UBS Parque Peruche. Os auditores tomaram, inclusive, o depoimento da enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante, mas ela negou que tenha feito tal procedimento. E ainda afirmou que não trabalhava mais na unidade naquela data, o que foi confirmado por documentos.

Também foram feitas oitivas de funcionários em serviço na UBS no dia 19 de julho, mas todos negaram ter visto o ex-presidente no local. Da mesma forma, negaram conhecer qualquer pedido feito para registrar a imunização do então chefe do Poder Executivo.

Os depoimentos foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população. Não foi localizado, nos papéis relativos ao dia 19 de julho, a presença do ex-presidente no local para se imunizar.

(Terra)

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