Populares nas décadas de 1920 e 1950, os fotógrafos de lambe-lambes foram figuras importantes para a democratização da fotografia em todo o mundo. E, embora talvez você nunca tenha vivido a experiência de ser fotografado por um deles, com certeza tem clara em sua memória, a imagem vista em filmes ou novelas, de um desses profissionais posados ao lado de suas câmeras enormes, com um laboratório acoplado.
É graças a estes materiais embutidos nas máquinas, que eles conseguiam revelar as fotografias tiradas nos jardins ou praças da cidade, instantaneamente.
Infelizmente, com o passar dos anos e a urbanização crescendo desenfreadamente, esses profissionais foram desaparecendo. Uns por precisarem se adaptar às novas profissões que surgiam e outros, porque se aposentavam. O fato é que a profissão precisou abrir espaços para as facilidades do mundo moderno e, no início dos anos 70, estes fotógrafos já eram consideradas figuras raras e folclóricas.
Em Campo Grande, no ano de 2011, apenas dois profissionais seguiram exercendo a função. Infelizmente, os dois partiram em decorrência da pandemia.
E todos os detalhes, saudosismos e curiosidades dessa profissão, que desapareceram das ruas e persistem apenas no imaginário coletivo, estão retratados no novo documentário da cineasta Marineti Pinheiro e do fotógrafo Rachid Waqued, o curta-metragem ‘A Mágica da Foto Lambe-Lambe’, que será lançado gratuitamente na próxima quarta-feira (1º).
Sobre
o documentário
A cineasta Marineti Pinheiro conta que a ideia do curta-metragem surgiu a partir de uma caixa fotográfica de lambe-lambe que encontrou no acervo do MIS (Museu da Imagem e do Som), quando estava como coordenadora na instituição. Desde então, surgiu nela, a curiosidade de encontrar a história daquela câmera.
Já o fotógrafo Rachid, que dirige o filme junto a Marineti, é fotógrafo há mais de 30 anos e foi um de seus alunos em um curso de documentário. Por isso, ela decidiu convidá-lo para buscar essas histórias. Ao todo o projeto levou seis meses para ser executado.
“Foi um processo de descoberta bem prazeroso porque saímos, de forma pública, buscando as fotos de pessoas que registram algum momento com esses profissionais. E no caminho encontramos três deles que já, há algum tempo, não atuam, e também recebemos de doação uma câmera completa que pertenceu ao fotógrafo Roque e que vamos levar para expor no lançamento”, comenta Marineti.
A cineasta ainda pontua o sentimento que as descobertas despertaram neles durante o desenvolvimento do documentário. “Foi de certa forma triste ver que essas pessoas que construíram memória, registrando pessoas e momentos estão sendo apagados da paisagem e da história, assim buscamos perpetuá-los neste documentário”.
Para Rachid, o projeto é fascinante e vai mostrar uma pequena parte da história desses grandes artistas. “Eram verdadeiros artesãos, pois construíram seus próprios equipamentos e suas esposas que costuravam as ‘camisas’ e faziam a mágica do revelado ali na praça, fornecendo um serviço importante, pois muitas pessoas faziam fotos para documentos com eles, e ganhavam a vida com essa atividade. Agora esse ofício é apenas memória, como registramos nesse curta”, comentou.
O projeto do documentário foi contemplado pelo prêmio ‘Ipê Audiovisual’, da Sectur e será lançado, gratuitamente, no Sesc Cultura, na próxima semana.
“Penso que antes vamos buscar circular com ele em mostras e festivais e depois disponibilizar”, explica Marineti sobre a veiculação do documentário. Como o projeto está inscrito em um Festival que exige ineditismos, o material só poderá ser publicado em plataformas digitais no futuro.
Serviço
O lançamento do curta-metragem ‘A Mágica da Foto Lambe-Lambe’ acontece na próxima quarta-feira (1º), às 19h, no Sesc Cultura, que fica na Av. Afonso Pena, 2270 – Centro. A entrada é gratuita.
(Reprodução, Marineti Pinheiro)
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