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Eldorado anuncia venda recorde de celulose, mas lucro cai 55,6%

Queda no lucro bruto é na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, apesa de as vendas terem superado meio milhão de toneladas

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Em meio a uma interminável disputa pelo controle acionário, a empresa Eldorado, de Três Lagoas, anunciou nesta terça-feira (14) ter fechado o terceiro trimestre do ano com venda recorde de celulose, com 534 mil toneladas, o que é 13% acima do volume do trimestre anterior, que foi de 474 mil toneladas.

Mas, apesar deste aumento no volume comercializado, o lucro bruto caiu 1,5% na comparação com os três meses anteriores, ficando em R$ 716 milhões, de acordo com o balanço trimestral.

Se a comparação for com o terceiro trimestre do ano passado, o lucro bruto despencou 55,6%. Já o EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de R$ 546 milhões.

Apesar disso, o comando da empresa se mostra otimista. “Mesmo em condições mais adversas no mercado de celulose, as operações da Eldorado tiveram mais um trimestre de destaque, apresentando novos recordes trimestral de produção e vendas”, afirmou Fernando Storchi, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eldorado.

Quando ele fala em recorde de produção, refere-se a 479 mil toneladas de celulose produzidas em três meses, o que é o melhor resultado já alcançado pela empresa em um trimestre. No trimestre anterior haviam sido  466 mil toneladas. A fábrica tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas por ano.

O comando da empresa também destaca que a dívida líquida atingiu o menor patamar desde a instalação da fábrica, em 2012, ficando em R$ 1,537 bilhão. No trimestre anterior, esta dívida estava em  R$ 1,756 bilhão. Ou seja, a dívida está R$ 219 milhões menor.

Ainda de acordo com a empresa, no último trimestre os investimentos totalizaram R$ 233 milhões, incluindo atividades de manutenção florestal, industrial e logística.

Outro investimento significativo, mas que não foi computado agora, foi de R$ 500 milhões no novo terminal portuário em Santos, o que elevou para até 3 milhões de toneladas ao ano sua capacidade de escoamento.

Essa capacidade de escoamento é superior, inclusive, à capacidade de produção da Eldorado, que é de 1,8 milhão de toneladas. Esse investimento indica, então, que a empresa mantém viva a intenção de duplicar a capacidade de produção em Três Lagoas.

Porém, o investimento da ordem de R$ 15 bilhões não sai por conta da disputa judicial que se arrasta há seis anos entre os irmãos Joesley e Wesley Batista com o grupo asiático da Paper Excellence (PE). Caso essa queda de braço acabe, a segundo unidade da indústria elevaria em mais 2,5 milhões de toneladas a capacidade de produção da unidade.

A empresa tem na região 293 mil hectares de florestas de eucaliptos e boa parte das terras são da própria Eldorado. E, como a legislação brasileira exige autorização do Congresso para que estrangeiros comprem grande quantidades de terras brasileiras, o que não aconteceu antes do fechamento do negócio, a tendência é de que os asiáticos percam a disputa e sejam obrigados a ceder o comando da empresa aos irmãos Batista.

 

NERI KASPARY

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