Dossiê do Ministério Público de Mato Grosso do Sul mostra que o Estado teve a maior taxa de tentativa de feminicídio do Brasil, 3,5 a cada 100 mil mulheres, em 2023, e lidera o ranking nacional com a maior taxa de assassinatos, 8,3 a cada 100 mil mulheres. O balanço toma por base os registros dos quatro primeiros meses deste ano.
De janeiro a abril de 2023, 52 mulheres quase perderam a vida nas mãos de agressores e 7 foram assassinadas. O número corresponde a 41,9% do total de tentativas de feminicídio registradas em todo o ano de 2022 – quando 124 mulheres sobreviveram aos ataques e 37 não tiveram a mesma sorte.
O que também chama atenção é que em 66,7% dos casos registrados este ano, houve descumprimento de medida protetiva após intimação do autor e 37,1% das vítimas tinham idade entre 20 e 29 anos.
Caso – A jovem Karolina Silva Pereira, de 22 anos, morreu após ser baleada pelo ex-namorado, Messias Cordeiro da Silva, 25, na madrugada do dia 30 abril deste ano, no Jardim Colibri, em Campo Grande.
Na ocasião, Luan Roberto de Oliveira Oliveira, 24, também foi atingido e morreu no local. Messias se entregou à polícia e confessou o crime.
Campanha – Por conta dos números altos de crimes contra mulher, o Ministério Público junto a outros órgãos lança amanhã, dia 1º de junho, a campanha “Seu silêncio pode matar você”, alusiva ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.
Neste dia, o MPMS fará uma ação coordenada com os promotores de Justiça atuantes na violência doméstica, além da presença do ator e produtor, Raul Gazolla, que já vivenciou a triste experiência de perder uma pessoa para o feminicídio. O evento será transmitido ao vivo pelo YouTube da Instituição.
A iniciativa busca sensibilizar e provocar uma reflexão junto à sociedade sobre os altos índices de violência doméstica e familiar contra a mulher no Estado e no País, principalmente no aumento dos casos de feminicídios.
Capitaneada pelo Ministério Público Estadual, a ação quer dialogar com todos sobre a necessidade de união de esforços entre poder público e sociedade civil, para construir uma relação de confiança entre a mulher e as inúmeras redes de apoio.
Por Ana Beatriz Rodrigues
CAMPO GRANDE NEWS