Durante reunião da Executiva Nacional do PP, na noite de ontem (19), em Brasília (DF), dirigentes do partido reafirmaram a “independência” da sigla em relação ao governo Lula. Todos concordaram que o PP – integrante do núcleo duro do Centrão – precisa ter candidatura própria ao Palácio do Planalto, daqui a três anos.
Foi nesse momento que o nome de Tereza foi “lançado”. “Tereza, Tereza, Tereza”, gritaram os dirigentes. Embora deputados do PP tenham audiência nesta quarta-feira (20), com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não são poucos na bancada que definem a relação com o governo como sendo de “oposição responsável”.
O novo ministro do Esporte, André Fufuca – que entrou Esplanada na cota do PP, substituindo Ana Moser -, não estava na reunião da Executiva Nacional.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também não. Líder do Centrão, Lira faz parte da comitiva que acompanhou Lula na viagem a Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU.
O secretário-geral do PP, Aldo da Rosa, disse que, a partir de agora, encaminhará aos Estados a proposta de candidatura própria do partido ao Planalto. Apesar de integrar agora o governo Lula, o PP reafirmou no encontro sua “independência”. Lira negociou com Lula um acordo para que o partido assuma a presidência da Caixa, hoje ocupada por Rita Serrano.
O Centrão também exige “porteira fechada” no banco, para nomear as 12 vice-presidências da instituição. No jargão político, o termo “porteira fechada” é usado para indicar quando um partido ou bloco consegue nomear todos os cargos de uma estrutura.
Tereza foi ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro (PL), é coordenadora política da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Senado e representa a bancada do agro no Congresso.
No ano passado, chegou a ter o nome cogitado para vice na chapa de Bolsonaro à reeleição, mas ele preferiu fazer dobradinha com o general Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa.
Em público, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, também defende o lançamento de um candidato da sigla para a sucessão de Lula, a quem faz ferrenha oposição nas redes sociais.
Aliados de Ciro dizem, porém, que suas articulações são para ele próprio ser vice de Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso o governador de São Paulo concorra à Presidência, em 2026. Braço direito de Tarcísio, o secretário estadual da Casa Civil, Arthur Lima, se filiou ao PP, no mês passado, e é muito ligado a Ciro.
Ex-ministro da Infraestrutura sob Bolsonaro, Tarcísio tem procurado se descolar da imagem do padrinho político, investigado no escândalo das joias e no inquérito que apura a tentativa de golpe em 8 de janeiro. Há cerca de um mês e meio, o governador elogiou Tereza e disse ter saudade de trabalhar com ela.
Conheça a parlamentar
Ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo de Jair Bolsonaro, Tereza Cristina é senadora por Mato grosso do Sul. Engenheira-agrônoma, ela também foi deputada e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), do qual é hoje uma das articuladoras junto ao Congresso.
Antes, também foi deputada federal, eleita pelo PSB. Depois, migrou para o DEM, que formou o União Brasil, até chegar ao PP para a disputa das eleições no ano passado.
Nos últimos dias, avançaram as articulações para a criação do Instituto Campos, uma think thank que reunirá expoentes do pensamento conservador que não compactuam com a extrema-direita de Bolsonaro mas querem marcar posição no debate nacional.
A presidente será justamente Tereza Cristina. No início do mês, ela foi aplaudida e aclamada como candidata também em um evento da Associação Comercial em São Paulo.
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