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Em solenidade na ALEMS, artesãos são homenageados com Medalha Conceição dos Bugres

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Por: Heloíse Gimenes    Foto: Wagner Guimarães

Cada movimento de suas mãos mantém tradições. Cada peça é feita com muito cuidado por técnicas que são passadas de geração em geração. Cada obra comunica cultura e patrimônio. Todos estão envolvidos pela mesma paixão: materiais naturais e recicláveis. Na noite desta terça-feira (26), a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) comemorou o Dia do Artesão e a Semana Estadual do Artesanato, com a entrega da Medalha Conceição dos Bugres.

“Os artesãos desempenham um papel fundamental na preservação do patrimônio cultural sul-mato-grossense e na promoção de processos de produções sustentáveis. Acrescentam valor à economia local, além de fornecer produtos únicos e de qualidade. Hoje, homenageamos profissionais que transformam seus talentos em peças maravilhosas e são motivos de muito orgulho e alegria”, destacou a deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), propositora da solenidade.

Num mundo impulsionado pela produção em massa e pela tecnologia, os artesãos constituem a vanguarda da expressão consciente e criativa. Para o secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Ferreira Miranda, a sessão solene significa um reconhecimento do Poder Público àqueles que pelo seu trabalho mantêm vivas as técnicas antigas, que de outra forma desapareceriam. Os artesãos e artesãs preservam nossa cultura e história. A inciativa da Assembleia proporciona o reconhecimento à essa atividade tão importante para Mato Grosso do Sul”, falou.

A sessão solene encerra as atividades da Semana Estadual do Artesão, que gerou grandes oportunidades de negócios e gerou um volume significativo de renda. “Estamos fechando de maneira honrosa a 16ª Semana Estadual do Artesão, valorizando a trajetória artística de cada homenageado”, disse Katienka Klain, gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

Foram homenageados: Catarina Ramos da Silva, Celi Félix Ferreira Ferreira Ulian, Fabiane Avalhães Marçal de Britto, Francisca Anaide Rondon Valiño, Ivani Oliveira Rosa, Jonas Francisco dos Santos, Maria Garcia Pinto, Mauro Mendes Mondine Filho, Sebastião de Souza Brandão, Selma Christina de Souza Brito Beteto, Sibele Forato Ferreira, Vera Ruth Gomes, Adeugide Rebello Pereira, Celair Ramos Peralta, Euclides Alves dos Santos, João Marques Mazarão, Elza Gomes Caldeira, Edinalva Oliveira dos Santos, Claudia Regina Cavazzoni Lima, Regina Emilia Lima de asconcellos, Vitória da Silva Azevedo, Elisa Cleia Pinheiros Rodrigues Nobre e Patricia Ferreira da Silva.

“Trabalho com madeira de demolição, um trabalho muito árduo. Quando eu recebi a informação que eu seria homenageada, foi uma explosão de emoção. Isso motiva a continuar minha dedicação ao ofício, conferindo a cada trabalho um toque único e um forte sentimento de autenticidade”, afirmou Celi Félix.

Conceição dos Bugres

A artista que dá nome à honraria era casada e mãe de dois filhos. Conceição esculpiu o primeiro bugre em uma cepa de mandioca, após um sonho, e depois passou a utilizar madeira, sempre com facão e machadinha, a golpes rápidos. A cera amarela, para revestir cada peça, foi inserida posteriormente pela artista.

Natural de Povinho de Santiago (RS), veio para Mato Grosso do Sul aos 6 anos, onde passou a conviver com os bugres – mistura do branco com o índio. Conceição morreu em 1984 e a arte dos bugres foi continuada pelo neto da artista, Mariano.

“A memória e a tradição do nosso Estado se encontram inscritas na cultura indígena. A medalha recebe o nome de Conceição dos Bugres, uma artesã guerreira, uma mulher que rompeu barreiras para imprimir sua arte e se tornou um ícone para nós, sul-mato-grossenses”, salientou Mara Caseiro, que convidou os índios terenas para abrir a solenidade, com a apresentação da dança do bate-pau.

Guardiã do artesanato e da tradição indígena, Catarina Guató não conteve as lágrimas pela homenagem da ALEMS. “Comecei a trabalhar em 1974 com a fibra de aguapé do Pantanal. Eu aprendi com meus antepassados e ensino para minha comunidade. Sou fundadora da Associação Renascer das Mulheres da Barra do São Lourenço e criei meus filhos com o sustento vindo do artesanato”, afirmou.

 

al.ms.gov.br

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