Dayane Medina
Adolescente de 12 anos, diagnosticado com autismo, tem sido alvo de bullying na Escola Estadual Edwards Corrêa e Souza, em Três Lagoas. A denúncia foi feita por sua mãe, A.F.N., de 35 anos.
Segundo ela relatou ao TopMídiaNews, o sofrimento do filho começou ainda em uma escola particular, onde os episódios de bullying tiveram início. Na instituição, os colegas passaram a chamá-lo de “gay” de forma pejorativa.
Na primeira escola, a situação chegou a um ponto crítico: o menino foi agredido com chutes por uma colega e até figurinhas com o rosto dele passaram a circular entre os estudantes. “Fizeram figurinhas do ***, com teor pejorativo e rotularam meu filho de ‘gay'”.
A mãe explica que, devido ao autismo, o filho não consegue compreender certas atitudes dos colegas e ficou profundamente constrangido.
Para tentar protegê-lo, ela decidiu transferi-lo para a Escola Estadual Edwards Corrêa e Souza. No entanto, o problema continuou.
O adolescente relatou à mãe que um colega o questionou sobre sua sexualidade e chegou a fazer um pedido direto para “ficar com ele”, o que o deixou ainda mais desconfortável.
Além disso, segundo a denúncia, um professor de Matemática, ao notar o menino agitado em sala, fez um comentário inadequado. “Ficar desnervosa”, disse o docente, tratando-o no feminino.
“Foi no dia 27 de fevereiro, ele ficou irado, a escola não soube explicar e, quando fui buscar, ele me contou que novamente estavam o tratando como homossexual. Crianças questionando sua sexualidade, e o professor o constrangeu ao falar com ele no feminino. Pra ele, foi a gota d’água e está há 12 dias sem ir à escola por vergonha dos colegas”, relatou a mãe.
Falta de suporte adequado
Para tentar lidar com a situação, a escola sugeriu que o menino utilizasse um cordão de identificação indicando que é autista, na tentativa de gerar mais compreensão. No entanto, o bullying continuou.
A.F.N. também destaca outro problema: apesar da condição do filho, ele não tem direito a um auxiliar em sala de aula, já que é autista de grau 1. No entanto, ele tem dificuldades para acompanhar o ritmo dos colegas.
“*** contou que o professor de Matemática também fez comentários inapropriados sobre o desempenho dele, ao afirmar que ele já deveria saber letras cursivas, sendo que o menino está no 7º ano e possui dificuldades típicas do seu diagnóstico”, desabafou.
Diante da situação, o adolescente passou a frequentar mais consultas com a psicóloga e até escreveu uma carta relatando o ambiente escolar. “Precisou aumentar os remédios, não quer voltar à escola e, depois de dias, só nesta quarta-feira (12) a escola registrou o caso em ata”, disse a mãe.
A escola informou que uma técnica da NUESP (Núcleo de Educação Especial) irá de Campo Grande a Três Lagoas para avaliar a possibilidade de conceder um auxiliar ao estudante.
“Naquela escola não adianta mais. Que clima vai ter? Os colegas e professores julgando, ele não se sente bem. Vamos trocar de escola depois de tudo que ele passou”, conclui Aline.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (SES) e aguarda um posicionamento sobre o caso.
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