Por Mário Sérgio Lorenzetto
A história de Paranaíba está intrinsicamente ligada à caça. Foi caçando no Triângulo Mineiro que os Garcia, os Barbosa e Joaquim Francisco Lopes, pequenos fazendeiros de Minas Gerais e de Franca, se associaram para uma grande entrada nas terras onde está localizada esta cidade. As dezenas de famílias que saíram de Minas vieram em busca de melhores condições de vida; os de Franca, todavia, fugiram de um lugar empesteado pelo banditismo.
Sant’Ana de Paranaíba era um local de passagem e parada entre São Paulo, Minas Gerais, Goiás e caminho para Camapuã. A região começou a ter destaque à partir de 1.828, devido ao esgotamento das minas de ouro dos mineiros. Os primeiros moradores brancos – a região tinha indígenas Caiapós – viviam de uma agricultura de subsistência, pequena criação de gado e, especialmente, da caça de cervos. Não vieram praticar o comercio, viajaram em busca do sossego e da fartura.
Há um debate entre historiadores sobre qual era a atividade principal dos primeiros brancos de Paranaíba. Mário Monteiro de Almeida, um dos melhores historiadores, afirma que “se entregaram, de preferência, à cultura e à industria canavieira“. Faziam rapaduras e cachaça. Todavia, a maioria dos historiadores afirma que praticavam preferencialmente a caça de cervos.
Era uma profissão. Caçar cervos dava mais rendimentos que criar vacas, fabricar cachaça ou vender sal. Todos os brasileiros andavam a cavalo. Havia, portanto, a necessidade de arreios, selas e demais petrechos para a montaria. Não havia couro de melhor qualidade que o de cervos. Com o tempo, os profissionais da caça passaram a se fixar na região, transformando-se em fazendeiros e criadores de gado. Como na região de Miranda havia mais cervos, foram se estabelecer também no Pantanal.
Engana-se quem imagina que o primeiro nome de Paranaíba foi Sant’Ana de Paranaíba. Os primeiros sertanistas deram o nome de Arraial dos Sete Fogos a essa localidade. Muito mais estranho ainda é pensar que Sant’Ana de Paranaíba pertencia à Comarca de Cuiabá, distante mais de 800 quilômetros. Quando constituem essa comarca, além de Paranaíba, Miranda e Albuquerque também pertenciam a ela.
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