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Pesquisador alerta: 12 espécies de peixes em rios de MS correm risco de extinção

Dr. Fernando Carvalho diz que represamento dos rios é uma das principais causas de queda populacional

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Mato Grosso do Sul possui 12 espécies de peixes em situação de ameaça de extinção, de acordo com o levantamento da plataforma Salve (Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade), do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Os dados foram atualizados na última quarta-feira (2).

Entre as 12 espécies de peixes encontradas em MS, algumas estão classificadas em categorias de risco, como “vulnerável”, “em perigo” e “criticamente ameaçada”. O levantamento faz parte do segundo ciclo de avaliação realizado entre 2019 e 2022, com quatro anos de análise.

A lista das “criticamente ameaçadas” incluem os peixes cascudo-viola (Loricaria coximensis), o ituí-maraúna (Tembeassu marauna) e o piracanjuba (Brycon orbignyanus). Entre os peixes classificados como “em perigo”, estão o pacu-prata (Myleus tiete), o peixe joaninha (Crenicichla jupiaensis Britski), duas espécies de peixe anual (Austrolebias ephemerus e Melanorivulus scalaris), duas espécies de ituí (Sternarchorhynchus britskii e Sternarchella curvioperculata).

Já entre os peixes da categoria “vulnerável” estão o bagrinho-cego-da-serra-da-bodoquena (Trichomycterus dali Rizzato), o cascudo-cego (Ancistrus formoso) e o pintado (Pseudoplatystoma corruscans).

De acordo com o professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e pesquisador convidado do ICMBio, Fernando Carvalho, a lista divulgada ainda passará por um processo de validação e atualização, que será realizado por outro grupo de pesquisadores. “Algumas espécies podem mudar de categoria em virtude de novas evidências científicas para o estado de conservação”, explica Fernando.

Possíveis causas – Segundo Fernando, a principal causa de ameaça identificada foi a construção de barramentos de rios para usinas hidrelétricas, que interrompem a migração e a reprodução dos peixes.

A principal causa de ameaça aos peixes são os barramentos dos rios para construção de UHEs (Usina Hidrelétrica), PCHs (Pequena central hidrelétrica) e CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas), que impedem migração e, por corolário, reprodução das espécies, o assoreamento dos ambientes aquáticos, a poluição orgânica e por agrotóxicos e mineração (no caso dos cavernícolas), para citar alguns”, explica Fernando.

Um exemplo é a piracanjuba, cuja a maior ameaça é o represamento, segundo Fernando. O pesquisador também cita o exemplo do pintado, peixe comum na bacia do Paraguai, mas que está ameaçada na bacia do Paraná.

“O pintado é muito comum na bacia do Paraguai e ele é muito pescado naquela região, mas não está ameaçado. Na bacia do Paraná, ele já é ameaçado e isso tem a ver com os empreendimentos hidrelétricos. A gente não pode colocar hidrelétrica no Rio Paraguai, senão vai acontecer a mesma coisa que ocorreu no Rio Paraná”, comenta Fernando.

Por Mylena Fraiha

Exemplar de pintado, peixe que está em grau de vulnerabilidade, de acordo com o ICMBio (Foto: Arquivo/Semagro) –

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