Por Stella Fontes, Valor — São Paulo
Embora a oferta de celulose de fibra curta vá crescer até 2024, não há previsão de novas plantas a partir do ano que vem e não há madeira disponível para mais projetos no curto e médio prazo no Brasil, Paraguai e Uruguai, ressaltou o presidente da Suzano, Walter Schalka, durante painel na 24ª Conferência Anual Santander. “Não há disponibilidade de de fibra no curto prazo no Brasil e nos países limítrofes. Existe a perspectiva de terras disponíveis para que novos projetos aconteçam, mas não no curto prazo”, afirmou.
A disputa por fibra levou ao encarecimento da madeira nos últimos anos e as terras também ficaram mais caras, o que vai se refletir em retornos menores para projetos futuros. “Novos projetos vão trazer retornos marginalmente menores, lembrando que madeira é 45% do custo caixa de produção da celulose”, disse, acrescentando que a Suzano veio se preparando para esse cenário e pretende plantar 300 mil hectares de eucalipto neste ano.
Segundo Schalka, as entradas em operação do projeto Mapa da Arauco, no Chile, e da fábrica da UPM no Uruguai levaram a um aumento da oferta de fibra curta, que contribuiu para a forte correção recente dos preços. A entrada do Projeto Cerrado, da própria Suzano, no ano que vem, também trará pressão, mas o cenário será mais benigno a partir daí já que não há novas plantas em cenário será mais benigno a partir daí já que não há novas plantas em construção, ao mesmo tempo em que mais fábricas de alto custo devem fechar e a demanda, crescer de forma orgânica.
“Não haverá novas fábricas [além das já anunciadas] no curto prazo. Nenhuma nova fábrica iniciará construção até o fim do ano e esses projetos são construídos em 30 meses”, comentou.
Conforme o executivo, a demanda de fibra curta vai muito bem na China e nos Estados Unidos, mas não vai bem na Europa, onde a combinação de desestocagem ao longo da cadeia e economia mais fraca se refletiram em compras menores da matéria-prima. Esse cenário, além de os preços no mercado europeu estarem abaixo dos praticados na China, levaram ao mais recente anúncio de aumento de preços, de US$ 20 a US$ 50 por tonelada, a depender da região, válido para o próximo mês.
Neste momento, explicou o executivo, parte relevante dos produtores europeus estão rodando com custo de produção superior ao preço, o que torna os patamares atuais insustentáveis. Na China, com o reajuste, o preço líquido da fibra curta chegará a US$ 550 por tonelada.
“Em algum momento, o preço vai voltar para o patamar histórico mínimo, sem esquecer que houve inflação”, disse. Nos últimos 10 anos, o preço médio da celulose foi de US$ 625 por tonelada.
Sobre as vias de crescimento exploradas pela Suzano, o executivo afirmou que a companhia pode entrar “em vários outros negócios” a partir da biomassa. “Nossa percepção é que quem tiver acesso a biomassa competitiva vai criar um diferencial competitivo e de difícil replicabilidade”, argumentou. O executivo vê ainda potencial relevante na geração de valor para o setor de base florestal a partir de créditos de carbono e questionou a forma como essa indústria é avaliada. “Tem uma inconsistência na análise que o mundo faz sobre nosso setor. É inconcebível que tenha múltiplos tão diferentes”, comentou.
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