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Quase 10 anos após UFN3 parar, empresários relembram ‘maior frustração da história de Três Lagoas’

Paralisação das obras deixou dívidas com 180 empresários da região de Três Lagoas, que na época somavam R$ 36 milhões e que até hoje não foram pagas

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Quase 10 anos após a paralisação das obras da , em Três Lagoas, um novo anúncio, a inclusão da obra no Novo PAC, reacende a esperança de ver a maior indústria de fertilizantes do Brasil em ação. Porém, o fantasma do pânico instalado no município, na época, ainda assombra empresários que vivenciam anos de prejuízo e reconstrução.

Em novembro de 2014, em meio a escândalos de corrupção na Petrobras, o cenário mudou completamente em Três Lagoas. As obras da UFN3 foram paralisadas com mais de 80% concluídas, milhares de trabalhadores demitidos e empresários acumularam dívida estimada em R$ 36 milhões, na época.

O ritmo frenético das obras deu lugar a protestos em frente ao canteiro de obras e em rodovias, filas gigantescas de ex-funcionários para tentar negociar os direitos trabalhistas, seguidos por reuniões, processos e prejuízo. Nove anos depois, a maioria dos cerca de 180 empresários que prestavam serviços para a UFN3 nunca recebeu.

“A Petrobras e o consórcio que tocava a obra da UFN3, formado pelas empresas Sinopec e Galvão Engenharia, foram responsáveis pela maior frustração da história econômica de toda a Costa Leste do Mato Grosso do Sul”, afirma o presidente da Aliança de Entidades de Três Lagoas, Fernando Jurado.

UFN3: da redenção econômica ao desespero

Em 2010, a Petrobras anunciou que construiria a maior fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, o que na época era o maior investimento do país. O município sul-mato-grossense havia acabado de receber investimentos importantes, como a Votorantin, , Sitrel, entre outros, mas viu no empreendimento uma oportunidade única.

O então presidente da Associação Comercial de Três Lagoas, Fernando Jurado, relembra que o anúncio foi motivo de muita euforia e, quando as obras começaram, o cenário da cidade mudou completamente.

“Isso transformou a rotina de Três Lagoas, era um movimento que a gente nunca tinha visto. Foi algo marcante na história econômica da cidade e quando a gente achou que estava terminando a obra veio a notícia da paralisação”.

Fila de funcionários demitidos da UFN3 para negociar rescisão (Foto: Perfil News/Arquivo)
Fila de funcionários demitidos da UFN3 para negociar rescisão (Foto: Perfil News/Arquivo)

Ele conta que por se tratar de uma obra federal, o governo honraria os contratos, o que não aconteceu. “A paralisação foi impactante para todos os elos da cadeia, vários empresários quebraram seus negócios e muitos não conseguiram se reerguer e até hoje se debatem”, conta.

Na época, a dívida foi orçada em R$ 36 milhões e, mesmo com tratativas e ação judicial, o pagamento nunca aconteceu. Apenas alguns empresários conseguiram acordo com a Sinopec durante processo de recuperação judicial.

‘Levei funcionários de Três Lagoas para o Sírio Libanês de avião’, lembra empresário

O empresário Issam Fares Junior viu sua empresa decolar na época da UFN3, devido a um contrato de prestação de serviço de saúde para atender todos os funcionários da obra. A equipe contava com médicos, enfermeiros, cinco ambulâncias com equipe montada a serviço deles e até transporte de avião em casos de urgência.

“Todo o atendimento médico dentro da obra, tanto alojamento oficial e no campus, era a gente que fazia. Primeiros socorros, remoção, implante, levei dois funcionários de avião para o hospital Sírio Libanês, em . Era uma estrutura enorme, até que as obras pararam”, conta Issam.

Ele lembra que, quando o anúncio de paralisação chegou, a empresa já acumulava faturas atrasadas. “A gente dependia da empresa para sobreviver, os 50 funcionários também, então o impacto foi gigante. A dívida deixada na época somava mais de R$ 1 milhão”, lembra o empresário ao dizer que os problemas permanecem até hoje.

Questionado se prestaria serviço novamente para a UFN3, numa possível retomada, Issam afirma que torce para isso, mas agora com cautela. “Na época eles retinham 10% da nota como um seguro caso nossa empresa quebrasse. Agora eu exigiria o seguro”.

UFN3 em estudo no Novo PAC

A retomada das obras da UFN3 foi listada pelo  como ‘Estudo’ na lista de centenas de obras que serão retomadas ou iniciadas em todo o Brasil.

Ainda não há detalhes sobre a retomada da indústria de fertilizantes no que diz respeito a valores e prazos, no entanto, o deputado federal Vander Loubet (PT) afirmou na sexta-feira (11) que em novembro deve haver a definição sobre a retomada das obras.

“A UFN3 não está no pacote, vai ser incorporada. Tanto a UFN3, como a  que está em estudo ainda. Simone Tebet me disse que a UFN3 será incorporada em novembro”, assegurou.

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UFN3 em Três Lagoas (Foto: Divulgação/ Governo de MS)

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