A previsão do tempo indica que a situação pode ser agravada no Rio Grande do Sul neste final de semana. Isso porque novas chuvas devem atingir o estado a partir desta sexta-feira (10), se estendendo até o domingo (12).
A maior intensidade das chuvas deve atingir o centro-norte e leste do estado, incluindo o litoral norte e o sul de Santa Catarina.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais emitiu um alerta e considerou como “muito alta” a possibilidade de novas ocorrências hidrológicas nas regiões Centro-Oriental, Nordeste, Sudeste e Sudoeste do Rio Grande do Sul.
Chuva, rajadas de vento e queda na temperatura
A previsão mostra uma queda de temperatura no Rio Grande do Sul, devido ao avanço de uma frente pelo estado de Santa Catarina e a entrada de um ar mais frio pelo estado gaúcho.
Ao longo do dia, esse sistema deve começar a recuar para o sul do estado, o que deve trazer rajadas de vento que podem dificultar o escoamento das águas da Lagoa dos Patos em direção ao oceano.
A previsão foi divulgada através de uma nota técnica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em conjunto com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Entre a sexta e a segunda-feira (13), há expectativa de que chova mais e de forma mais intensa no centro-leste e nordeste do estado, região que inclui Porto Alegre, onde bacias captam água para o rio Guaíba, que registrou níveis recordes de inundação.
Os modelos indicam que os acumulados de chuva podem superar os 150 milímetros (mm), condição que, segundo a nota, pode agravar ainda mais a situação do estado.
Uma nova frente fria deve passar pelo estado, que pode ser acompanhada da formação de um ciclone extratropical. Durante a semana, a previsão indica que os sistemas podem causar queda nas temperaturas e possibilidade de chuva.
“As rajadas de vento seguirão soprando do setor sul e dificultando o escoamento das águas”, afirma a nota.
Rio Guaíba
As fortes chuvas que devem atingir novamente o estado podem elevar o nível do Guaíba. Se confirmado o cenário, o rio pode retornar a marca dos 5 metros, de acordo com um relatório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialistas ouvidos pela CNN, não descartam que, em um cenário de chuva e ventos fortes, o nível do rio pode ficar próximo ao da máxima histórica registrada, de 5,33 metros.
Caso as chuvas não se confirmem, o relatório aponta que a tendência é de redução gradual mantendo-se acima de 4 metros por mais de uma semana. O estudo menciona ainda que, durante as enchentes históricas de 1941, levou-se 32 dias para a descida do nível do Guaíba até atingir os 3 metros, que é a cota de inundação.
Segundo a última medição, coletada na quinta-feira (9), pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA), a cota atual do Guaíba é de 4,89 metros.
Apesar de já ter registrado baixa, o Guaíba ainda está mais de 2 metros acima da cota de inundação. O rio atingiu sua máxima histórica no início deste mês em meio às chuvas que assolam o estado, quando chegou a 5,33 metros.
A marca foi a maior registrada desde o início do monitoramento dos níveis do Guaíba, em 1939, superando a grande cheia de 1941, quando o rio chegou a 4,75 metros.
População afetada
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informa que 1.742.969 pessoas em todo o estado já foram atingidas de alguma maneira pelas tempestades dos últimos dias. Isso equivale a 16,1% da população gaúcha, que, segundo o Censo 2022, é de composta por 10.882.965 de pessoas.
Segundo balanço divulgado pelo órgão no início da noite desta quinta-feira (9), as chuvas já provocaram 107 mortes. Há um óbito sob investigação –ou seja, ainda está sendo apurado se a morte tem relação com os temporais. Clique aqui para ver os nomes das vítimas fatais e dos desaparecidos.
Além dos mortos, o estado tem 764 pessoas feridas e 134 desaparecidas. São 431 municípios atingidos, o que equivale a a mais de 86,7% do total de cidades gaúchas. Clique aqui para ver a lista de cidades afetadas.
Segundo a Defesa Civil, 327.105 pessoas estão desalojadas e 68.519 foram para abrigos.