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Seca deve piorar em setembro e ter grau extremo em 11 municípios de MS

Em comparação a agosto, deve haver aumento de 120% nesse nível de impacto no Estado

por Nathally Martins da Silva Bulhões

Por Cassia Modena

O quadro de secas que atinge todo o Brasil desde o segundo semestre do ano passado, influenciado pelo El Ñino, vem apresentando piora nas regiões Centro-Oeste, Norte e parte do Sudeste desde julho deste ano, conforme monitoramento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Mato Grosso do Sul é um dos Estados mais afetados, com previsão de que 11 municípios cheguem a níveis extremos neste mês de setembro. Eles ficam nas regiões norte e bolsão.

A situação mais preocupante é ao norte, onde estão rios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Paraguai e do Paraná. Por lá, as cidades de Alcinópolis, Figueirão e Pedro Gomes já enfrentaram seca extrema em agosto, que tende a continuar em setembro, enquanto Coxim, Costa Rica, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora se encaminham para o mesmo patamar.

Na região do bolsão, atravessada pela Bacia do Paraná , a intensificação deve ocorrer em Chapadão do Sul e Paraíso das Águas, onde a seca era de grau severo. A registrada em Cassilândia e Paranaíba já estava em grau extremo e deve continuar assim.

Em comparação a agosto, o aumento de municípios do Estado impactado por seca extrema poderá ser de 120%.

Atípica – A pesquisadora do Cemaden, Ana Paula Cunha, explica que a seca que se concentra de forma atípica em Mato Grosso do Sul e ainda mais em outros estados do Centro-Oeste, como Mato Grosso e Goiás, no Norte do País, além de parte do Sudeste. Geralmente, ela se estende entre o Norte e Nordeste.

“Em agosto, não registramos anomalia do El Ñino no Oceano Pacífico, então, um Atlântico mais aquecido pode ter relação as secas mais concentradas no Centro-Oeste, Norte e parte do Sudeste”, sugere.

A seca que começou em 2023 e segue presente tem as maiores extensão e intensidade registradas no Brasil pelo Cemaden. São considerados 70 anos de monitoramento.

Para avaliar o nível, o órgão considera o índice integrado de secas. Ele analisa o déficit de chuvas de acordo com a média histórica, umidade do solo e condição vegetação existente nos últimos três meses. Os resultados são classificados em excepcional, extrema, severa, moderada, fraca ou normal. A classificação excepcional é mais comum em áreas semiáridas.

Impactos e previsão de melhora – Ana Paula Cunha reforça que a seca impacta a saúde, acaba contribuindo para a expansão de incêndios provocados em diversas partes do mapa, abala os recursos hídricos e afeta a agropecuária.

Quanto ao último tópico, ela destaca que pode refletir no preparo de áreas para o próximo ciclo de produção, que começa entre outubro e novembro, além de reduzir a qualidade da pastagem da pecuária extensiva.

Ainda segundo a pesquisadora, a situação pode melhorar somente no fim de setembro, com a previsão de chuva chegar à região Centro-Sul do Brasil, onde Mato Grosso do Sul está localizado. Por outro lado, região Centro-Norte não tem expectativa de precipitação, e pode sofrer com agravamento das secas.

Em agosto, Rio Taquari raso e com banco de areia, em Coxim; seca no município deve evoluir de severa para extrema em setembro (Foto: Divulgação/Jonas Santos)

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