Com investimento de R$ 2,4 bilhões somente nos últimos três meses e previsão para início das atividades industriais até junho do próximo ano, a Suzano liberou o tráfego pela BR-262 e agora está trabalhando a todo vapor na escavação do túnel pelo qual os chamados hexatrens vão abastecer a empresa com as toras de eucaliptos.
O comando da empresa não informou a quantidade exata de “minitrens” que serão utilizados na região, mas já deixou claro que grande parte da madeira que será industrializada na nova fábrica chegará por meio dos hexatrens, caminhões que não podem transitar pelas rodovias por causa do exagerado tamanho e lentidão.
Eles são formados por um ‘cavalo’ e seis composições de carga e para permitir a entrada deles na fábrica, a empresa está construindo um túnel 34 metros de extensão e 11 metros de largura, com seis metros de altura.
O viaduto sobre esse túnel, de 35 metros de comprimento e 11 de largura, já foi liberado para o tráfego de veículos pela BR-262. Durante cerca de um ano, período de construção do viaduto, havia um desvio na rodovia em frente ao canteiro de obras.
Agora, a obra está na fase de escavação para conclusão do túnel, que deverá ser inaugurado no final de 2023, conforme previsão da Suzano.
Pelo menos 19 composições com seis semi-reboques já são utilizados pela Suzano em Três Lagoas, mas agora a empresa está montando uma logística especial para intensificar essa modalidade de transporte e assim reduzir o tráfego de caminhões pelas rodovias asfaltadas, principalmente na BR-262, que já está sobrecarregada com veículos de carga.
Cada carreta tem 15 eixos, com 58 pneus e seu comprimento chega a 54 metros, o que é mais que o dobro na comparação com as maiores carretas que circulam nas rodovias transportando grãos, que é de 25 metros.
São caminhões com motor de 540 cavalos e transmissão eletrônica com nada menos que14 marchas, sendo duas delas super-reduzidas, além de eixos traseiros com altíssima capacidade de tração.
Eles têm capacidade para carregar até 200 toneladas de toras de eucalipto por viagem. Isso representa, segundo a empresa, quase 130% a mais que a capacidade de transporte dos veículos convencionais.
As florestas de eucalipto da nova fábrica estão praticamente todas em um raio de 65 quilômetros no entorno da sede, o que é menos da metade da distância média de outras unidades da Suzano, que é de 156 quilômetros.
Por isso, também está sendo montada uma logística de estradas secundárias para que estes mini-trens tenham acesso à maior parte das plantações sem precisar utilizar rodovias asfaltadas.
A fábrica está sendo construída a cerca de 120 quilômetros de Campo Grande, entre Ribas do Rio Parado e Água Clara, à margem esquerda do Rio Pardo. Agora, no pico dos trabalhos, cerca de 10 mil pessoas estão envolvidas nos trabalhos de instalação.
Depois que entrar em operação serão necessários em torno de 3 mil trabalhadores, entre terceirizados e contratados pela empresa.
Inicialmente, a previsão era iniciar as operações a partir do final do próximo ano. No começo de agosto, porém, o camando da empresa anunciou que os trabalhos estão adiantados e que as operações industriais terão início “até o mês de junho de 2024”.
INVESTIMENTOS
O empreendimento todo prevê investimento da ordem de R$ 22 bilhões, sendo em torno de R$ 5 bilhões somente no plantio de florestas e logística. A capacidade de produção após o início das operações será de 2,55 milhões de toneladas anuais.
E além de papel e celulose, o empreendimento bilionário prevê a geração de 180 megawatts médios de energia elétrica. Isso é suficiente para abastecer uma cidade com 2,3 milhões de habitantes por um mês.
Para efeito de comparação, a hidrelétrica instalada no Rio Verde, na divisa entre os municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, tem capacidade para gerar 28 megawatts.
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