Na fronteira com São Paulo, Três Lagoas cresceu e se consagrou no posto de 3ª maior cidade de Mato Grosso do Sul. A um passo do outro estado, o município, distante 326 km de Campo Grande, se tornou um polo e é visado pelo mercado de trabalho por quem vem de fora.
A advogada Izabela Rial Pardo, de 31 anos, é ‘filha’ de Andradina (SP), mas três-lagoense de coração, já que vive grande parte da sua vida do município. “Nunca morei em Andradina na verdade, acho que por isso”, diz ao Jornal Midiamax.
Mas a moradora é um dos 132.152 habitantes recenseados. A densidade demográfica do município ficou em 12,93 hab/km², distribuídos em 10.206,370 km² de extensão.
Nos dados do Censo Demográfico 2022, divulgados na última quarta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Três Lagoas aparece entre as mais populosas do Estado, perdendo apenas para Dourados (243.368) e Campo Grande (897.938).
Em 2010, o município contava com 101.791 habitantes, de acordo com o Censo anterior. Com isso, os indicadores apontam o crescimento de 56,46% no número de domicílios recenseados em Três Lagoas em 2022.
Foram 59.627 unidades que “brotaram” diante das Três Lagoas que dão nome à cidade, ante os 38.111 que o IBGE contabilizou em 2010.
Populosa e centenária
De acordo com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e o Núcleo de Documentação Histórica e Grupo de Educação Tutorial (PET-História) de Três Lagoas, a história do município começou com a vinda dos sertanejos do Triângulo Mineiro.
Por volta de 1828, Joaquim Francisco Lopes iniciou a exploração da região com uma expedição composta de 11 pessoas, organizada em Monte Alto, onde estavam os irmãos José Garcia Leal e Januário Garcia Leal.
Junto desses sertanejos, vieram outros mineiros, paulistas e goianos. Dessa forma, na metade do século XIX grande parte das terras já estava delimitada pelo domínio dos Garcia, dos Lopes, Barbosa, Souza e Pereira. As famílias desses sertanistas eram numerosas e contribuíram para a apropriação de terras.
Indústrias de Três Lagoas
Daquela época para cá, Três Lagoas teve a pecuária como principal atividade desenvolvida pelos sertanejos fundadores do local. Em 1910, a criação bovina iniciou seu auge, quando as portas se abriram para a exportação para diversos países.
Mas nem só das cabeças de boi vivem os três-lagoenses. Segundo a prefeitura, Três Lagoas corresponde a cerca de 50% da exportação industrial de Mato Grosso do Sul, sendo os principais itens a celulose e o farelo de soja. O município também apresenta crescimento em importação, tendo como principais produtos de consumo industrial os materiais têxteis, cereais e siderurgia.
Com cerca de 3 mil empresas instaladas e 54 indústrias de grande e médio porte, a geração de emprego é forte naturalmente na região.
Apesar de ser considerada a capital mundial da celulose, Três Lagoas tem, em seu Distrito Industrial, a maior fábrica brasileira de refrigeradores e terá, em breve, a maior indústria da América Latina de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3), da Petrobras – corroborando ainda mais para a fama de berço de empregos.
Vila dos Operadores
Foi justamente no meio dessa toada industrial da região que a Izabela foi concebida. Ela é filha de um operário da CESP (Companhia Energética de São Paulo) e moravam na Vila dos Operadores, próximo à ponte que liga MS a São Paulo.
Como a vila fica colada nas margens do Rio Paraná, na divisa dos estados, Izabela estudava em Três Lagoas, assim como sua mãe trabalhava na cidade. A mudança da família para MS acabou sendo a melhor opção, quando ela tinha 8 anos.
“Eu acho bem relevante o constante desenvolvimento da cidade e também que possuímos um bom mercado de trabalho. Além disso, existem muitos pontos turísticos a serem explorados, principalmente pela cidade ser cercada por rios”, opina Izabela à reportagem.
Entretanto, para ela ainda faltam opções culturais. “Algumas questões de infraestrutura, como, por exemplo, muitos bairros ainda não possuem asfalto. Melhor a parte ambiental e a educação”, cita a advogada sobre as questões a melhorar.
Oportunidades
A analista florestal, Taíse Carla Mognol, de 27 anos, se mudou para Três Lagoas com o marido Guilherme, de 28, em abril de 2021. Ele, que é analista de logística, recebeu uma grande oportunidade de trabalho no município.
Conforme Taíse, o casal não pensa em deixar a cidade. “Momentânea não [pensamos em mudar]. A cidade vem se demostrando muito próspera”, explica ela ao Jornal Midiamax. Para a moradora, o município tem muitos pontos positivos.
“Lazer e restaurantes; as araras e tucanos são uma beleza a parte que podem ser vistas no dia a dia; oportunidades de emprego e ficamos mais próximos da família, já que cidade interiorana é de fácil locomoção”, afirma.
Ainda assim, Taíse pontua que ainda falta um pouco infraestrutura, no saneamento básico e asfalto, além da parte de iluminação. “Clima muito quente”, finaliza ela, que já morou em Santa Catarina e Paraná.