Por Priscilla Peres
Em novembro de 2014, Três Lagoas vivia tempos sombrios, com a paralisação das obras da UFN3 e dívida de R$ 36 milhões, na época, com empresários locais. Dez anos depois, a Petrobras anuncia a retomada das obras paradas com 80% da indústria pronta e anima empresários novamente.
Os últimos 10 anos foram de desafios para a população de Três Lagoas, apesar dos investimentos privados e a consolidação da cadeia da celulose, muitos amargaram dívidas milionárias deixadas pela fábrica de fertilizantes. Atualizados, os valores chegariam em torno de R$ 150 milhões em 2024.
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Apesar do passado, a notícia da retomada das obras e investimentos estimados em R$ 3,5 bilhões é vista com bons olhos pelos empresários de Três Lagoas. “De modo geral, a notícia é muito boa. Até hoje, essa é a notícia mais sólida que tivemos e estamos confiantes na retomada”, afirma o presidente da Aliança de Entidades de Três Lagoas, Fernando Jurado.
O projeto da UFN3 prevê a produção anual de cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia. Conforme a Petrobras, os contratos de retomada da obra ainda serão assinados e a previsão de início de operação é 2028.
Grande movimento econômico em Três Lagoas
A dívida deixada pelo Consórcio formado pelas empresas Sinopec e Galvão Engenharia, na época, foi enterrada pela Justiça e absorvida por empresários. E após 10 anos, empresários afirmam que a retomada das obras representa um marco para o município, apesar das ressalvas.
“Sem dúvida é uma movimentação econômica muito grande, vai desencadear um grande fenômeno na história de Três Lagoas. Uma nova página do desenvolvimento da cidade será escrito”, diz otimista, Fernando Jurado, da Aliança de Entidades de Três Lagoas.
Claro que depois do calote, empresários estão ressabiados e atentos à movimentação da estatal. Na época da paralisação, fornecedores acumulavam meses de dívidas do consórcio, com a certeza de que receberiam.
Agora deve ser diferente. “Certamente os empresários locais vão ficar com pé atrás, contratos mais tensionados. Não devem deixar de fornecer, mas com olhar muito diferenciado”, destaca Fernando.
Próximos passos
Segundo a Petrobras, a autorização final ainda será submetida à aprovação de autoridades da companhia, o que permitirá a assinatura dos contratos para retomada das obras.
“O setor de fertilizantes tem importância estratégica para a Petrobras. Estamos retomando os investimentos nesse segmento, a partir de estudos de viabilidade técnica e econômica, com o objetivo de contribuirmos para a redução da dependência da importação de fertilizantes no Brasil”, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
“Com o aumento da oferta dos produtos gerados na UFN-III e a sua localização privilegiada, próxima aos principais consumidores do Centro-Oeste, Sul e Sudeste, estamos seguros da importância da unidade para a região e o país”, completou o diretor de Processos Industriais da estatal, William França.
Capacidade produtiva
O projeto da UFN-III, ou UFN3, prevê a produção anual de cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia. A localização da unidade é estratégica, para atender os principais mercados consumidores, que são, principalmente, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo.
A amônia é uma matéria-prima para a produção de fertilizantes e petroquímicos, além de outros produtos agropecuários.
Já a ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado no Brasil, cuja demanda nacional é estimada em cerca de 7 milhões de toneladas para 2024, sendo integralmente importada atualmente.
O milho é a principal cultura para demanda de ureia fertilizante no Brasil, mas o produto também é utilizado no cultivo de cana-de-açúcar, café, trigo e algodão, entre outros. A ureia também será destinada ao segmento da pecuária, utilizada como complemento alimentar para animais ruminantes.
UFN3 em Três Lagoas (Foto: Governo MS)